Irmão Antônio do Carmo Ferreira
Hoje é domingo. No Recife, já se foi o período hibernal. O dia nasce animado por um sol de verão, iluminando tudo. E incendiando ... Do apartamento, ouve-se a algazarra do povo, num vai-e-vem intenso, pelas ruas. Decerto, indo à praia, indo aos exercícios, indo aos negócios, indo viver a vida. O inverno é dorminhoco, mas o verão é despertador. Mais ainda em Pernambuco, cujo sol “não somente clareia, mas sobretudo incendeia”, como alertava o poeta João Cabral de Melo Neto. Daí a “boniteza da vida nessa manhã tão linda”. Contudo não é da magia que essa manhã nos passa a que desejo me reportar. Desejo falar de outras magias. Também não quero responder a Robert Heibronner que indaga, em seu livro Perspectivas do Homem, “se ainda há esperança” para o ser vivente. Quero dizer como Paulo Soledade: “Vê, há esperança ainda”. Quero falar do livro e algumas de suas magias.
Em Recife de Pernambuco, chega a seus instantes finais a Bienal do Livro, já em sua oitava versão. Um mundão de gente esteve lá. Foi ver, fazer, participar, ouvir, aprender, adquirir. E alguns até foram passear e se divertir. Pois estar ali, também poderia ser um lazer. Contam que 600 mil pessoas estiveram na Bienal do Livro. Um mundão, não é? Porquanto não são muitas as cidades do Brasil que têm essa população! Foram atraídos pela magia do principal artista da feira ...
Livros e autores. Muitos livros. Muito mais do que se pensa. Nacionais e estrangeiros. De todos os estilos e de todas as escolas. Em prosa e verso. Para todos os gostos. Era o que a vista alcançava. Cicerones a indicar os estandes segundo as especialidades procuradas. Salas de leitura aparelhadas em nada deixando a desejar. Salões para exposição dos escritores. E eles também compareceram, vindos daqui mesmo do Brasil e do exterior. Ajudaram a construir a festa, explicando o curso das narrações de suas obras e alguns deles até ensinando, com satisfação, o exercício do escrever aos que se revelaram interessados naquela aprendizagem.
Alardeiam umas comparações que deixam o Brasil em desvantagem nesse setor dos livros. Noticiam que, na Argentina, há uma biblioteca para cada 5 mil pessoas, enquanto que em nosso País , há uma biblioteca para cada 65 mil pessoas. Também noticiam que no país vizinho, em média, cada pessoa adquire 7 livros por ano. No Brasil, somente 3, e nesses três se incluem os livros didáticos que o MEC distribui. Estes registros não são bons, e não sabemos se realmente correspondem à verdade. Mas pelo sim e pelo não, convém ficarmos atentos. Pois um “país é feito de homens e de LIVROS”, alerta-nos Lobato. Sendo o Irmão(zinho) Castro Alves, mais enfático: “O livro, caindo nalma, é gérmen que faz a palma; é chuva que faz o mar”.
Desejo recordar que o governo federal, através da lei nº 12.244, publicada no DOU de 24.05.2010, determinou que, em 10 anos, houvesse pelo menos uma biblioteca em cada escola do país e que os títulos não fossem inferior a quantidade de alunos matriculados. Quero louvar a Maçonaria por sua preocupação e seu desempenho em favor da leitura, do livro e da biblioteca. Ensina a Ordem que quanto mais o homem for preparado, mais ele poderá auferir dos benefícios que a natureza oferece. A preparação, segundo ela, vem do saber que se adquire especialmente através dos livros, cujo hábito de ler ela fomenta e inclui nas obrigações de seus quadros.
Estou certo de que o livro contém magias aos milhares, mais do que os telescópios (extensão da vista), mais do que as espaçonaves (extensão das pernas), mais do que o telefone (extensão da voz), mais do que o arado (extensão dos braços), mais do que os landmarks, porque é o livro “extensão da memória e da imaginação”.
A maçonaria está na luta para que em breve se erradique do Brasil a miséria do analfabetismo. E todos possam desfrutar do prazer de ler e de conhecer o livro e suas magias.
02 de outubro de 2011
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