quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Calúnia e a Fofoca

Perseverar no cumprimento de seu dever e guardar silêncio
é a melhor resposta à calúnia."
(George Washington)

A Calúnia e a Fofoca -  Roque Theophilo


Calúnia é um termo que vem do latim, calumnia, engodo, embuste. A calúnia não se confunde nem com a difamação nem com a injúria, outros dois crimes contra a honra. A difamação (do latim diffamare) significa desacreditar, sendo um crime que consiste em atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação de pessoa fiel à moralidade e aos bons costumes. Não se confunde com a calúnia, pois esta consiste numa imputação injusta de fato tipificado como crime. Na difamação o que se busca é desacreditar a vítima, embora sem apontá-la como autora de fato criminoso. (...)

Quanto à injúria do latim injuria, de in jus, injustiça, falsidade, trata-se de um crime contra a honra consistente em ofender, verbalmente, por escrito, ou fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém. A injúria ofende o moral, abate o ânimo da vítima, ao passo que a calúnia e a difamação ferem a moral da vítima. (...)

Fofoca é o mexerico, intriga, a bisbilhotice. É um mal que para muitos é divertimento sem importância, mas que é extremamente destrutivo: A vontade de passar informações faz parte do homem, é a comunicação, é uma ação humana natural e normal, mas na maioria das vezes esquecemos do outro e não medimos as conseqüências das nossas palavras. Quando uma pessoa não controla a cobiça, o resultado é a inveja, que desperta o instinto animal de prejudicar o próximo pela difamação. O vaidoso que é infestado pelo orgulho e pela arrogância, é muito propenso a usar a fofoca. (...)

Afirmativas como “onde há fumaça há fogo”, em verdade são armas utilizadas pelos caluniadores. O correto é: “onde há fumaça há um caluniador”. Para bom entendedor, quem está sendo exposto não é o caluniado, mas sim o caluniador: revela-se e desvenda um interior conflitado.

O caluniador é uma pessoa que está sempre em conflito consigo mesmo. Quem está de bem com a vida não tem sequer vontade de caluniar, quer apreciar as coisas boas da vida.

Por vezes, as pessoas lidam de forma inadequada com suas perturbações. Por exemplo, passam a ingerir muita bebida de álcool, ou mergulham num mundo imaginário e se afastam da vida real. Outra forma inadequada é a calúnia. O caluniador procura transferir seu desequilíbrio para outra pessoa. Lançando uma calúnia ele percebe que o interior da pessoa atingida começa a se desorganizar. Para que isso ocorra, a calúnia deve ser impactante, deve penetrar no interior da vítima e estourar como uma bomba. Portanto, agora quem está desequilibrado é o outro e não mais ele. Ou há mais alguém perturbado e em sofrimento como ele.

Como este artifício é fantasioso, não promove um alívio duradouro ao caluniador, como um vício ele sente necessidade de repetir e repetir o ato de caluniar. É uma falsa saída para seu desequilíbrio. É como se alguém pegasse o lixo de sua casa e jogasse no pátio do vizinho. Por alguns momentos tem a sensação de estar limpo. Mas o lixo reaparece na sua casa, pois ela é o gerador de lixo.

Existem dois tipos de caluniadores: aquele que calúnia sistematicamente e aquele que o faz num momento em que sua vida não vai bem.

E existem também as pessoas que levam adiante a calúnia gerada por outro. É um fenômeno que acompanha a humanidade desde sempre. Um dramaturgo romano, Plauto, escreve em uma de suas peças: “Os que propalam a calúnia e os que a escutam, se prevalecesse minha opinião, deveriam ser enforcados, os primeiros pela língua e os outros pela orelha”.

Temos que aprender a lidar com estes fenômenos. Todos estamos sujeitos a ele. Sheakespeare escreveu: “Mesmo que sejas tão puro quanto a neve, não escaparás à calúnia”.(...)

Aquele que se percebe gerando calúnia se beneficiará de uma ajuda profissional para procurar lidar de uma maneira mais eficaz com seus desequilíbrios.

Provavelmente, graças a esse poder contaminante do pensamento primário é que, muitas vezes, julgamos uma causa por sua aparência, brigamos com amigos por detalhes fúteis e esquecemos o imprescindível para guardar o periférico. (...)
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Outubro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

CARRO DE BOI CANTANDO DENTRO DE MIM


Com sentimento de longa saudade, abordo este tema que me traz lembranças e emoções, creio também, para inúmeros amigos e amigas. Quem nasceu na cidade grande, sobretudo a ela foi incorporado em seus hábitos e não teve raízes no sertão, não pode medir a importância do carro de boi no desbravamento, no progresso, no transporte, muito mais, na família. Nos romances que se desdobraram em casamentos, na culinária, nos costumes e nos festejos.
O carro de boi chegou ao Brasil em 1549, com carpinteiros e carreiros práticos providenciados pelo governador Tomé de Souza, já se ouvindo em Salvador, naquela época, o “cantar” de suas rodas nas ruas da capital baiana. Manteve a indústria açucareira, da roça ao engenho, do engenho às cidades. O carro de boi foi o veículo que fez a maior parte do transporte terrestre dos séculos XVI e XVII, levando material de construção para o interior e voltando para o litoral carregado com pau Brasil e produtos agrícolas produzidos na lavoura do interior.
No Brasil Colonial, levava famílias de um povoado para outro e era comum ser  transformado em “carro fúnebre”. Sempre foi indispensável em todas as regiões do país, inclusive na Guerra do Paraguai, transportando munições.
Mas depois vieram os burros, tropas e o carro de boi ficou em segundo plano. Na sequência, os cavalos para puxar carroças e carruagens e ai o carro de boi foi expulso das cidades, ficando o seu uso permitido somente no meio rural. A decadência foi acelerada com os veículos motorizados. Mas ainda em regiões longínquas, o carro de boi existe com muita utilidade.
O seu valor cultural não pode ser desprezado e os seus últimos usuários e colecionadores desse meio de transporte rústico e simbólico, prestam suas homenagens em diversos festivais e encontros pelo país.
Livros, crônicas, poesias e músicas narram a riqueza da tradição, como registra o livro do padre Luiz Alberto Vieira Rodrigues, Editora da PUC – Goiás, “Carreiros – Fé, e devoção ao Divino Pai Eterno e práticas educativas junto aos carreiros de Mossâmedes”.
Na introdução da obra o autor afirma: “As ações educativas praticadas entre os Carreiros de Mossâmedes perpetuam a tradição de romaria em devoção ao Divino Pai Eterno. Entre essas ações, estão os laços de amizades, os parentescos, as práticas diárias, educativas e religiosas como experiências de vida transmitidas na inter-relação sociocultural que, por sua duração temporal, se transformaram em tradição educativa, religiosa e cultural entre os carreiros. Assim, romaria, memória e tradição são categorias de análise empregadas para a compreensão das relações entre os sujeitos que compõem o grupo de carreiros do município de Mossâmedes e de sua romaria ao Divino Pai Eterno, em Trindade – Goiás”.
Convido-o a levar o seu filho, seu neto, para assistir, ouvir e sentir o magnífico e emocionante desfile dos carreiros que se realiza na festa de Trindade, este ano, de 28 de junho a 7 de julho, com o desfile dos carros de boi acontecendo dia 4 de julho, quinta feira de 09 às 15 horas.
Do site colaborativo voltado para a cultura brasileira “Overmundo”, transcrevo a narrativa triste e alegre do carreiro Francelino Antunes de Carvalho, que sorridente disse em 2008: “Quando o carro ia entrando na cidade e as moças ouvia o som do baixão, corriam pra porta pra vê quem tava chegando, aí a gente sorria e acenava com o chapéu”.
Com o semblante triste seu Francelino diz sobre a despedida de um boi: Quando o boi já não dava mais para o trabalho a gente levava ele para o curral do matador. Era muito triste e eu nem gostava de vê. O boi sabia que ia morrê e do seu zói curria água”. Seu Francelino se cala e de cabeça baixa diz: Sabe, a gente fica sentido, pois esses boi ajudou tanto...
Outra história que seu Francelino contou muito animado é sobre o namoro com dona Arminda Martins: “Quando o carro de boi passava na rua ela ficava na porta sorrindo e acenando pra mim toda bonita e enfeitada! Como ela escutava a cantiga do carro de longe, dava tempo de se arrumar e até passar um pó de arroz!” A história de vida de seu Francelino e família se fez em torno de um carro de boi.
Concluo este artigo como se estivesse vendo a caminhada indolente, vagarosa e o cantar triste de um carro de boi, com poesia de Zé Mulato e Cassiano, dupla sertaneja amiga do meu especial irmão maçom, José Walter Carvalho, que assim canta ao som da viola:
Tarde da vida, quando se amontoa os anos debruçado em desenganos da minha desilusão, fico espiando da janela do presente, retalhos de antigamente que me dói como ferrão. Vai boi Penacho, puxa o carro e vai embora, já venceu a minha hora, terminou minha missão, leva essa carga de tristeza que me invade, se couber leva a saudade que me aperta o coração. Vai boi Penacho, puxa o carro boi Carreiro, companheiro de viagem nas quebradas do sertão, leva essa carga, rasga o barro do caminho, se couber leva um pouquinho da mágoa desse peão”.
A dupla Tonico e Tinoco que tanto cantou o sertão, não podia deixar de cantar o carro de boi: “Meu velho carro de boi, pouco a pouco apodrecendo, Na chuva, sol e sereno, Sozinho aqui desprezado, Hoje ninguém mais se alembra, Que ocê abria picada, Abrindo novas estrada, Formando vila e povoado, Meu velho carro de boi, Trabaiaste tantos anos, O progresso comandando, No transporte do sertão, Hoje é um traste velho, Apodreceu no relento, No museu do esquecimento, Na consciência do patrão”.
Escrevi com o coração sobre o saudoso e simples meio de transporte que participou desde os primeiros anos do Brasil, passando pela colônia e império fazendo de sua caminhada uma linda e pura poesia encravada em todos nós que temos alma sertaneja.

“Fechando os olhos parece que vejo estrada sem fim. É o velho carro de boi, cantando dentro de mim”.

                         Artigo do Grão-Mestre Barbosa Nunes
                                     11 de maio de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

AS DUAS PULGAS



Duas pulgas respectivamente 1ª e 2ª Vigilantes estavam conversando e então uma comentou com a outra:

- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí que nossa chance de sobrevivência, quando somos percebidas pelo cachorro, é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.

Elas então decidiram contratar uma mosca para treinar todas as pulgas a voar e entraram num programa de treinamento de vôo e saíram voando.

Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:

- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.

Elas então contrataram uma abelha para lhes ensinar a técnica do chega-suga-voa.
Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê:

- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.

E então um pernilongo lhes prestou treinamento para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar.

Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou:

- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plásticas?
- Não, entramos num longo programa de treinamento. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
- E por que é que estão com cara de famintas?
- Isso é temporário. Já estamos fazendo treinamento com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar de modo a perceber, com antecedência, a vinda da pata do cachorro. E você?
- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha:

- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em um programa de treinamento, em uma reengenharia?
- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.
- Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas? Quiseram saber as pulgonas.
- Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse:
“Não mude nada. Apenas sente na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança”.
Moral da história:

Meu Irmão, você não deve focar no problema, e sim na solução. Para ser mais eficiente é necessário estudar, analisar e não falar.

Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA NOS SEUS IRMÃOS E NA SUA LOJA  é uma simples questão de reposicionamento, ação, execução e praticidade.

Não jogue a culpa nos seus irmãos, na sua Loja, na Potência.

Não queira complicar, não seja covarde, seja prático e objetivo, olhe pra você.

Agosto de 2013


domingo, 25 de agosto de 2013

Analfabeto Midiático

 
Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo.

 Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas.

 Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos. Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis.

 Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no País.

 Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do País calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ, denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

 O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos.

 Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “Então diga isto com uma imagem”).

 Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”.

 Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

 O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista.

 O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos.

 Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.

 O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos. E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público.

 Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres. Em resumo: destroem a democracia.

 Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer: Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singela. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

 

Sérgio .·.

Fonte: Enviado por um Irmão para uma rede de emails de maçons

Agosto de 2013

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sois o Garçom?


Um rapaz simpático, educado, de bons hábitos e bem-sucedido na vida exercendo a profissão de caixeiro viajante, resolveu comemorar o seu noivado num restaurante discreto e aconchegante em uma cidade com as mesmas qualidades. Como já havia viajado muito não foi difícil encontrar a cidade ideal.
O rapaz partiu com sua noiva e a sua mãe, em direção à cidade escolhida. Após algumas horas de viagem, chegaram à cidade Pedra Bruta.
Hospedaram-se e em seguida o rapaz saiu à procura do restaurante ideal. Era cedo, a manhã estava bonita e calma, andou pelas ruas pacatas e encontrou um restaurante à beira de um Riacho: Restaurante 3 Irmãos.
O nome do estabelecimento lhe agradou. Deu, na porta desse restaurante, certas pancadas. Em seguida, uma voz respondeu-lhe às batidas:
.. Quem vem lá?
.. Sou um cliente que deseja tratar de um jantar comemorativo.
– respondeu o rapaz.
Pois, então, entre.
O viajante entrou e um homem simpático e educado o esperava no salão.
- Bom dia ! – cumprimentou o recém-chegado e perguntou:
– Sois garçom?
– Meus clientes me reconhecem como tal.
– De onde viestes?
– De uma cidade chamada São João.
– O que fazes na vida?
– Sou caixeiro viajante. Viajo a negócios e visito Lojas.
– Vens muito por aqui?
– Não muito, esta é a minha 3ª  viagem..
– O que quereis?
– Um jantar para três pessoas em lugar reservado…
– Que tal entre aquelas colunas? É um lugar bem privativo.
– Parece-me bom… Ficaremos entre elas.
– O que beberão na ocasião?
– Para minha mãe e noiva uma taça de bebida doce. Eu prefiro algo amargo como aperitivo.
– Pode ser whisky?
– Nacional?
– Não, escocês!
– Bem se for antigo eu aceito, mas gostaria que as mesas fossem bem ornamentadas.
– Podemos ornamentá-las com romãs, ficam bonitas e exóticas.
– E quanto às flores? Fique tranquilo, fazemos arranjos com rosas e espigas de trigo.
– Pois então faça, não poupe nada, quero fartura em abundância.
Você estará aqui?
– Sim, trabalho do meio-dia à meia-noite.
– Bem, pela conversa o atendimento é bom. E o preço?
– O preço é justo e o atendimento é perfeito, mas qual é o seu nome?
– Salomão e o seu?
– Hiram, sou conhecido como ‘Hiram dos bifes’, sou bom em corte de bifes. Meus irmãos também atendem… Um chama-se Emmanuel e o outro José, mas é conhecido por ‘Zé’.
– Você é desta cidade ?
– Não, também fui caixeiro viajante. Gostei tanto desta cidade que na minha 5ª viagem resolvi ficar por aqui. E já faz cinco anos, que acabei comprando este restaurante.
Olhe, meu Irmão, no começo foi difícil. Este estabelecimento era mau visto, pois pertencia a três trapalhões chamados 3J. Fizeram tantas trapalhadas que acabaram assassinados.
– Olhe Hiram, coloque a mesa de minha mãe separada, para haver mais privacidade.
– E o seu pai não vem?
– Não minha mãe é viúva.
– Que coincidência! Eu também sou filho de uma viúva.
– Eu há muito percebi.
– Como se chama sua mãe? Temos cortesia para ela.
- Minha mãe chama-se Acácia.
– Esse nome me é conhecido, tivemos uma ótima cozinheira com este nome.
– Bem, eu já vou indo. Logo mais retornarei com elas. Ah! Já ia me esquecendo. Qual é a especialidade da casa?
– Churrasco.
– Ótimo! É macio?
– Sim, tão macio que a carne se desprende dos ossos.
– Senhor meu Deus! Que maravilha, não posso perder!
O lugar é seguro? Sim, temos dois rapazes espertos que cuidam disso. E no salão temos dois vigilantes.
– Parabéns, o seu restaurante está coberto de qualidades, salve o adorável mestre. Até logo

Agosto de 2013

*Desconhecemos a autoria

quinta-feira, 18 de julho de 2013

PADRES QUE FORAM MAÇONS


Padres-Maçons Brasileiros, lista que aqui transcrevemos para perpetuação da memória dos que se não julgaram indignos com os vilipendios que ainda hoje lhe são atirados;

Bispo Azeredo Coutinho 33.`. (Escritor português prelado de Pernambuco.)
Bispo Conde de Irajá 33.`. (Sagrador, coroador e celebrante do casamento de Dom Pedro II.)
Conego Dr. João Carlos Monteiro 3.`.
Conego Francisco L. de Brito Medeiros Campos 3.`.
Conego Ismael de Senna Ribeiro Nery 18.`.
Frei Antonio do Monte Carmelo 18.`.
Frei Candido de Santa Isabel Cunha 18.`.
Frei Carlos das Mercês Michelli 7.`.
Frei Francisco de Monte Alverne 33.`. (Maior pregador do século XIX.)
Frei Francisco de Santa Thereza Sampaio 7.`. (Grande polemista)
Frei Francisco de São Carlos 33.`.
Frei Joaquim do Amor Divino Caneca 7.`.
Frei Norberto da Purificação Paiva 33.`.
Monsenhor Pinto de Campos .`. (Escritor pernambucano.)
Padre Albino de Carvalho Lessa 3.`.
Padre Antonio Alvares Guedes Vaz 18.`.
Padre Antonio Arêas 3.`.
Padre Antonio da Immaculada Conceição 3.`.
Padre Antonio João Lessa 7.`.
Padre Auliciano Pereira de Lyra 33.`.
Padre Bartholomeu da Rocha Fagundes 30.`.
Padre Candido Ferreira da Cunha 33.`. ( 1º Presidente da Constituinte do Brasil.)
Padre Diogo Feijó 33.`. ( Regente do Brasil, na menoridade de D. Pedro II.)
Padre Ernesto Ferreira da Cunha 17.`.
Padre Francisco João de Arruda 3.`.
Padre Francisco José de Azevedo 18.`. (Inventor da primeira maquina de escrever.)
Padre Francisco Marcondes do Amaral 3.`.
Padre Francisco Peixoto Levante 15.`.
Padre Guilherme Cypriano Ribeiro 3.`.
Padre Januário da Cunha Barbosa 7.`. ( Orador sacro, fundador do Instituto Histórico Brasileiro. )
Padre João da Costa Pereira 3.`.
Padre João José Rodrigues de Carvalho Celeste 7.`.
Padre Joaquim Ferreira da Cruz Belmonte 33.`.
Padre José Capistrano de Mendonça 30.`.
Padre José da Silva Figueiredo Caramurú 32.`.
Padre José Luiz Gomes de Menezes 33.`.
Padre José Roberto da Silva 3.`.
Padre José Sebastião Moreira Maia 3.`.
Padre Lourenço de Albuquerque Loyola 3.´.
Padre Manoel Cavalcante de Assis Bezerra de Menezes 3.´.
Padre Manoel Telles Ferreira Pita 7.´.
Padre Paulo de Maia 3.´.
Padre Thomaz dos Santos Mariano Marques 3.´.
Padre Torquato Antonio de Souza 3.´.
Padre Vicente Ferreira Alves do Rosário 33.´.
Vigário Eutychio Pereira da Costa 33.´. ( Deleg. do Grão Mestre no Pará em 1.877 - Bol G.O.B. 1.918 pág. 1.123.)

Padre Eutíquio Pereira da Rocha era SACERDOTE, POLÍTICO E MAÇOM, lutou contra os dogmas que discordava e morreu impenitente para não renunciar à Maçonaria.
Garantimos a autenticidade dos presentes nomes, pois se acham registrados na Grande Secretaria Geral da Ordem no Rio de Janeiro - Do Popular Victoria, de 16 de Maio de 1.908.

Padre Vicente Gaudinieri ( Iniciado na Loja Modestia nº 0214, em Morretes, transferido para Palmeira-PR, onde, por coincidência em 1º/02/1.898 foi fundada a Loja Conceição Palmeirense, a qual mais tarde, mudou o nome para Loja Moria. Participou como fundador da Loja Luz Invisível, está registrado no Livro de Obreiros nº 1, na página nº 23.)
Padre Guilherme Dias ( A Loja Luz Invisível nº 33 - Curitiba, possue correspondência deste irmão, quando passou a residir na cidade de Ponta Grossa.)
Bispo Claudio, nome de batismo: Claudemir Pereira do Nascimento ( Dom Claudio de Deus ) - Iiniciado em 15/05/1975, na ARLS BEITH-EL nº 1.788, subordinada ao Gr.·. Or.·. SP, posteriormente por solicitação do Grão Mestre, filiou-se na ARLS RETIDAO E PRUDENCIA nº 2.143, onde ocupou diversos cargos, inclusive o de V.·.M.·.. Em 1996, recebeu o Grau 33. Foi condecorado com o título de Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa, o qual recebeu em Barcelona, Espanha através do Grande Prior de Portugal.
 - Continua ativo na ARLS JEAN BAPTISTE WILLERMOZ 626, juridicionada a GLSP, onde, tambem exerceu o cargo de V.·.M.·.. Filiado à ARLS VALE DO NILO n° 23 - em Japeri, Estado do Rio de Janeiro, sob auspícios da GLMERJ em 15 de dezembro de 2.010. Membro ativo do Corpo Filosófico OLIDIO SAMPAIO COELHO, em Japeri, RJ.

Pesquisa realizada por: Hiran Luiz Zoccoli

Maio de 2013

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O VELÓRIO NO ÁTRIO


Determinada Loja Maçônica estava em uma situação muito difícil, era uma fase realmente crítica. Suas reuniões não traziam nada de novo e até as tradições estavam se perdendo. Era sempre a mesma coisa, ou seja, ar pesado e poluído, a energia sempre negativa, os Obreiros apáticos e desmotivados, bem como a descrença em possíveis soluções imperava e os balanços financeiros, um horror, não saíam do vermelho.

A bem da verdade, tanto a sua Administração como as contas retratavam muito bem alguns países do Terceiro Mundo. Era uma verdadeira calamidade, levando a muitos valorosos Irmãos se afastarem assustados e, ao mesmo tempo, tristes por não poderem contribuir para a solução dos problemas existentes, até porque nem sequer eram ouvidos.

Efetivamente, esta situação não podia mais continuar como estava. Era preciso fazer alguma coisa para reverter o caos ali instalado. Todavia, nenhum Irmão estava disposto a reagir contra aquele estado de coisas; não  queria assumir sua parcela de culpa, muito menos oferecer soluções viáveis, mas que poderia melindrar alguns Irmãos que insistiam em não buscar soluções.

Desta forma, a maioria dos Obreiros apenas reclamava e dizia que tudo estava ruim, não havendo qualquer perspectiva para melhorar o astral ou a harmonia da Loja e, consequentemente, o progresso maçônico dos Irmãos ficava cada vez mais distante de ser alcançado.

Acontece que, para uns poucos e valorosos Obreiros, nem tudo estava perdido. Todavia, era necessário abrir o coração e deixar a Luz do Amor Divino entrar e nele fazer sua morada. Acreditavam que a Administração da Loja, ou mesmo qualquer Irmão do Quadro, que fosse mais habilidoso e equilibrado, deveria tomar a iniciativa no sentido de reverter todo processo de Decadência Fraternal, Espiritual e até mesmo Material, que abateu sobre os Irmãos e, consequentemente, vinha contribuindo para o afastamento de grande parte dos membros da Loja.

É também verdade que muitos deles, talvez inconscientemente, estivessem esquecendo os verdadeiros princípios maçônicos, nos quais se assenta a Maçonaria, tais como: prevalência do espírito sobre a matéria, a busca do aperfeiçoamento moral e ético, a prática da fraternidade, a tolerância, a solidariedade e tantos outros importantes à virtude do Maçom.

Contudo, a grande surpresa estava para chegar e com ela, o desejo de alcançar novos progressos. O fato é que, certo dia, quando os Obreiros chegaram para o "trabalho", encontraram na Sala dos Passos Perdidos, um imenso cartaz, todo colorido e chamativo no qual estava escrito um comunicado, redigido da seguinte forma:
"Acabou de passar para o Oriente Eterno, o Irmão que impedia a evolução e o progresso da Loja, bem como o crescimento de todos os Obreiros. Ele foi atingido por um grande mal, ou seja, pelo seu próprio veneno, mas nem por isso deixou de ser considerado um Irmão. Agora você está convidado a prestar a sua última homenagem àquele que na sua ascensão maçônica não passou da Pedra Bruta; permaneceu nela até a sua passagem para o Oriente Eterno".

Todos se mostraram muito tristes por causa do falecimento de um Irmão Fraternal. Após algum tempo, já refeitos do choque inicial, os Irmãos ficaram ansiosos e impacientes para descobrirem quem era o Obreiro que há muito tempo vinha impedindo que o equilíbrio e a harmonia fossem alcançados na Loja. A especulação também esteve presente e até o mais sereno de todos os Irmãos perguntaria:
"Quem será o dito cujo?
Era um Irmão antigo ou novo?".

A agitação e a curiosidade eram demais no recinto, gerando até certa confusão, uma vez que todos queriam entrar ao mesmo tempo para ver o defunto. Foi preciso que alguns Irmãos mais sensatos interviessem para organizar uma pequena fila à entrada do Átrio, onde estava sendo feito o velório. Assim, conforme os Irmãos iam se aproximando da Urna Funerária, a excitação aumentava cada vez mais.
Registra-se que o momento mais constrangedor do velório ocorreu quando um ilustre Irmão do quadro, muito exaltado, talvez tomado pela emoção, interrogava de forma contundente:
"Quem seria o Irmão que estava atravancando o meu progresso maçônico?
Quem foi esse infeliz?
Ainda bem que a Justiça Divina foi feita e agora vamos poder progredir.".

Foi nesse clima que, um – a – um, os Obreiros aproximaram-se da urna, olhavam o "morto" através do visor e em seguida, geralmente pálido, engoliam em seco e se afastavam. Após essa dura realidade, os Irmãos ficavam no mais profundo e absoluto silêncio, dando a impressão de que o mais fundo de suas almas fora atingido e marcado para sempre.

Na verdade não havia ninguém no caixão, mas o visor da urna funerária era que um Espelho refletindo a imagem de cada irmão que se debruçava para olhar o morto.
Meus prezados Irmãos, certamente, depois dessa trágica narrativa, todos vocês já perceberam que, o Visor da Urna refletia a mais pura e verdadeira imagem daquele que vinha emperrando, mesmo que inconscientemente, o tão necessário e desejado progresso maçônico.

Bem, vocês já perceberam também que só existe uma pessoa capaz de limitar nossa evolução e nosso crescimento, seja maçônico ou profano, seja interior ou exterior. Essa pessoa, em verdade, é você mesmo.

Na verdade, a única pessoa que realmente pode fazer a revolução de sua vida pessoal, material e espiritual ou mesmo prejudicar a sua própria evolução é você mesmo.

Você é a única pessoa que pode se autoajudar. Até porque é dentro do seu coração ou no mais profundo do seu subconsciente que você vai encontrar força e energia necessárias para se transformar no artesão da sua própria vida, seja ela maçônica ou profana.

Além do mais, o Irmão que desejar construir um verdadeiro Templo deve visitar a si mesmo, no mais profundo do seu ser e, aí então, executar um trabalho oculto e misterioso.

Tal como a boa semente que deve ser plantada no seio da Terra para que seja possível colher os melhores grãos ou frutos. Da mesma forma, quem ouve o chamado da sua consciência ou do G.:A.:D.:U.:, liga o seu canal e fica sintonizado com Ele e, certamente obterá a mais sublime transformação, ou seja, poderá encontrar a Pedra Filosofal que está oculta em seu próprio interior, e que lhe possibilitará fazer do carvão o diamante mais brilhante, do chumbo o puro ouro, da escuridão a luz mais reluzente e, por que não dizer, do ódio o amor.

Esta crônica se destina à nossa reflexão e qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. Contudo, cabe ressaltar que o momento é propício ao cultivo de bons hábitos...


AILDO CAROLINO

Junho de 2013