Carta de um Maçom ao seu filho

Meu Filho Vitório Neto;

Quando você parar de me contar - como ainda você faz - as suas brincadeiras e as suas coisas pessoais; quando você não tiver mais medo da "escuridão" e decidir abrir, finalmente, as páginas desses livros desconhecidos que hoje você somente olha, talvez mal ajeitados, na estante do meu escritório, e que conservo com muito carinho; quando for adulto, aproxime-se desses senhores que hoje você acha misteriosos e que, se bem não te desagradam, te merecem tão somente certa indiferença.

Procura essas pessoas que, freqüentemente, me ligam ou me visitam e com quem comparto algumas horas, a cada semana, nesses dias que você vê eu chegar mais tarde em casa.

Sim, procura esses homens que a sociedade identifica como "Os Maçons" e que eu chamo, orgulhosamente de, "Meus Irmãos". Tantas vezes você os viu e ouviu que, provavelmente, já conheça todos eles.

A grande maioria são jovens; alguns, homens maduros; e outros, com as suas testas coroadas por cabelos grisalhos, do mesmo jeito que algumas montanhas mostram seus cumes, cobertos pelo branco da neve. Mas todos eles me permitiram beber da fonte da sabedoria. Todos, por igual, abriram seus peitos como se abre uma cesta para receber as confidências, a alegria, os infortúnios e decepções, os projetos e as ilusões do melhor amigo.

Sim, procura essas pessoas, sem importar o longo caminho a ser percorrido, nem quantos os obstáculos que devam ser vencidos.

Decidido a procura-los, o Ser Supremo vai mostrar-te o caminho.
E quando souber o que é que eles fazem, como pensam e o que pretendem (desde que o teu espírito esteja satisfeito, e achadas todas as tuas respostas) Junte-se a eles e siga-os. Mas, se mesmo depois de analisar os seus princípios, as tuas dúvidas continuarem sem resposta, então, meu Filho, saia do caminho, com a decência de um homem bem nascido.

Se eu ainda for vivo, baterei palmas à tua decisão, qualquer que tenha sido. A aceitarei, pois você terá estudado antes de definir e porque conseguiu analisar a tua escolha, ou seja, terá decidido por você mesmo, após ter raciocinado.

E, caso eu tiver passado para o Oriente Eterno, vou pedir ao Grande Arquiteto do Universo para enfeitar a tua vida com os atributos que sempre procurei para você e que, Maçom ou não, o Mundo te reconheça como sendo um homem honesto, virtuoso, justo, respeitável, oposto a todo gênero de opressão e com um profundo amor pela humanidade.

Seu Pai e Maçom, com muito Orgulho e muita Honra;

Weber Varrasquim

Novembro de 2001.