A Ordem dos Cavaleiros Templários

    Fundada em 1119 por nove cavaleiros franceses durante as Cruzadas, sua missão inicial era proteger os peregrinos que viajavam para a Terra Santa. Sob a proteção do papado, a Ordem do Templo cresceu rapidamente, tornando-se não apenas uma força militar temível, mas também uma potência financeira com imensa influência, acumulando riquezas e propriedades por toda a Europa.

    No entanto, esse poder despertou a cobiça do rei francês Filipe, o Belo. Em 1307, o monarca, profundamente endividado com a Ordem, orquestrou a prisão em massa dos Templários, acusando-os de heresia. Submetidos a torturas, muitos membros confessaram crimes que não cometeram, e o último Grão-Mestre, Jacques de Molay, foi queimado na fogueira em 1314. Foi dessa tragédia que nasceu uma lenda duradoura: a de que os Templários sobreviventes teriam fugido para a Escócia e lá lançado as bases da Maçonaria especulativa, um vínculo popularizado no século XVIII.

    Essa narrativa de continuidade foi abraçada com fervor por correntes maçônicas como a "Estrita Observância", liderada por Karl Gotthelf von Hund no século XVIII. Ele afirmava ter recebido uma missão de uma ordem templária secreta e prometia até mesmo aos maçons o direito à herança do tesouro dos Templários. Embora essas alegações sejam historicamente indefensáveis, elas consolidaram o legado templário no imaginário maçônico, especialmente nos altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), onde a Ordem do Templo ocupa um lugar de destaque.

    Para além da busca por uma linhagem histórica comprovada, o que verdadeiramente ressoa na Maçonaria é o legado simbólico dos Templários. Figuras como Jacques de Molay, presentes em graus como o 18º (Rosacruz) e o 30º, não são celebradas simplesmente como vítimas, mas como emblemas de dignidade, justiça e ideal espiritual. As virtudes cavalheirescas, como a nobreza, a caridade e a defesa dos oprimidos, inspiram uma "cavalgada" não por guerra, mas pela ética, pela ação caritativa e pela busca incessante da luz. Assim, o código de honra dos monges-guerreiros continua a ecoar, transformado em um profundo ensino sobre vida e conduta.

Por Grande Loja da Suíça Alpina, in: https://freimaurerei.ch/