1.
Etimologia
Quando
crianças, nós seres humanos, apresentamos semelhantes características em nossa
parte cognitiva, todo homo sapiens, independentemente de sua base
cultural, de sua classe social, ou mesmo etnia, apresentará as mesmas etapas em
seu crescimento durante a chamada primeira infância, como propõem estudiosos
como Piaget.
Entre
essas fazes em comum, podemos afirmar que faz parte de nosso desenvolvimento
intelectual, a curiosidade. Recordo-me de certas perguntas que, na pureza da
inocência, fazia a meus pais, deixando-os algumas vezes encabulados, pois sua
resposta seria de difícil entendimento para um pequeno infanto. Quem nunca
passou por isso?
Pois
agora, me colocando na pureza com a qual fiz a primeira viagem, cheio das
curiosidades, próprias do grau que possuo me permitem perguntar, de onde veio a
palavra “avental”?
A
língua portuguesa, bem como, suas coirmãs francesa, italiana e espanhola tem
base etimológica comum, ou seja, tem a mesma raiz cultural e fonética, o que
explica a certa semelhança entre elas. Esses quatro idiomas, são derivados de
um idioma culturalmente e socialmente morto, que é o latim.
O
latim, idioma, vez ou outra, ressuscitado por intelectuais em suas obras, tem
seu uso restrito a trabalhos acadêmicos, peças produzidas pelos operadores do
direito, visto que juristas utilizam largamente termos em latim, além de mais
um ou outro ramo das ciências naturais e humanas. Apesar de glamoroso, o latim
é tão utilizado quanto o hebraico, o aramaico ou mesmo o javanês, que tem sua
utilização magnificamente ironizada por Lima Barreto em seu conto, O homem que
sabia javanês.
Embora
pouco utilizado, a despeito do que possa se pensar, o latim traz a raiz de
qualquer palavra portuguesa, inclusive a que enseja este trabalho, a palavra avental,
senão vejamos.
A
palavra avental vem do latim ABANTE, que ao pé da letra,
significaria “avante”, no sentido de ficar à frente, logo, seria a peça do
vestuário que usamos à frente do corpo.
Ora,
nada mais poético e representativo, do que utilizar o maçom, que busca uma
jornada sempre avante na procura pela verdade e pela liberdade, um símbolo que
tem tal significado.
2
- História
Assim
como há um significado para toda palavra já pronunciada, há que se entender que
anteriormente a sua pronúncia, houve uma motivação, essa motivação, por sua
vez, teve um estopim inicial que ensejou assim todo um processo, logo, toda
palavra tem uma história.
Para
dar testemunho do que acabo de afirmar, utilizarei como exemplo meu próprio
nome, Cláudio.
Vejam
só, caso queiramos buscar o significado de meu nome, nos valeremos da
literatura própria para este tipo de pesquisa, no meu caso busquei a internet
no sítio eletrônico www.significado.origem.nome,
ali encontrei que o nome Cláudio deriva do latim e, significa coxo, manco.
Apesar da origem pouco nobre, continuei minha pesquisa quanto à história do
nome e, pude verificar que vinha de um césar romano, claudius, que
mancava, daí seu significado.
Até
aqui ficou muito fácil, pois se tratou de meu nome e, eu já havia feito esta
pesquisa antes, já sabia de toda esta história, difícil seria buscar a história
de um substantivo simples, que é como se classifica gramaticalmente a palavra
avental. Munido dessa dúvida, pensei, qual seria o relato mais antigo sobre
vestuário? Logo me veio à mente o mais nobre dos livros, a bíblia sagrada,
livro que permeia a fé de milhões de cristão pelo mundo a fora.
Eu,
como cristão, católico, sei que no livro sagrado há respostas para as mais angustiosas
dúvidas da humanidade, mas jamais imaginei que ali, em tão nobre escrito,
poderia eu encontrar trecho da história de tão simples substantivo e igualmente
simples vestimenta, mas para minha surpresa amados ir.’. o G.’.A.’.D.’.U.’.
também tratou desse tema,vejamos.
“Então foram
abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de
figueira, e fizeram para si aventais. Gênesis
3:7”.
Naturalmente
os irmãos perceberam que o trecho acima, foi tirado do primeiro livro da
bíblia, o livro de gênesis, que pertence ao velho testamento e ao chamado
Pentateuco. Nele descreve-se a história dos primeiros seres humanos segundo o
criacionismo.
Então
caros obreiros, acabo de lhes provar, a primeira roupa a ser confeccionada pelo
homem, foi sem dúvida, esta que veio a ser o traje maçônico, ou
seja, o avental.
Percebam
meus ir.’., todo relato histórico acerca de tal traje, passa a ser secundário,
visto a nobreza do que constatamos acima, mas a título de informação
continuarei a dividir convosco meus achados.
Permitam-me,
explanar sobre outra menção bíblica ao avental, ela consta no livro de Atos, no
capítulo 19, verso 12, acompanhem.
1sucedeu que,
enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões
superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos,
2Disse-lhes:
Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem
ainda ouvimos que haja Espírito Santo.
3Perguntou-lhes,
então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João.
4Mas Paulo disse:
Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que
cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo.
5E os que ouviram
foram batizados em nome do Senhor Jesus.
6E, impondo-lhes
Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e
profetizavam.
7E estes eram, ao
todo, uns doze homens.
8E, entrando na
sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e
persuadindo-os acerca do reino de Deus.
9Mas, como alguns
deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a
multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias
na escola de um certo Tirano.
10E durou isto por
espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram
a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos.
11E Deus pelas mãos
de Paulo fazia maravilhas extraordinárias.
12De sorte que até
os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades
fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.
Conforme descrito, o apóstolo
Paulo, também fez uso desta peça de vestuário e, ninguém trabalhou mais para a
obra do Cristo Jesus, do que ele. Percebam amados ir.’. que por serem os
trabalhos do apóstolo Paulo, abençoados pelo próprio Deus, até suas vestimentas
transbordavam a glória do altíssimo, pois eis que está escrito no verso doze do
capítulo dezenove do livro de Atos, que seus lenços e aventais levavam a cura
aos enfermos.
E assim chegamos a palavra
crucial, que simboliza um elo, entre o uso do avental no mundo profano e entre
colunas, a palavra é trabalho.
O trabalho é, sem sombra de
dúvida, a principal função social do homem e, só usa avental quem trabalha,
como podemos perceber no desempenho de diversos ofícios. O avental tem a função
de evitar a sujeira nas roupas dos trabalhadores, com fazem os cozinheiros, os
açogueiros e padeiros só para citar alguns. Há casos em que o avental é utilizado
como protetor do corpo, evitando danos a este, como nos casos de radiologitas
que tem seus aventais confeccionados em chumbo, para impedir o contato da
radiação com seu corpo. Assim também os fazem os Maçons, que trabalham
incessantemente pela realização dos fins da maçonaria e, usando o avental que,
simbolicamente, os impedem de serem sujos, neste caso não por uma sujeira
física, material ou concreta, mas pela sujeira dos vícios e das desvirtudes,
quaisquer que sejam elas.
3- O avental na maçonaria
Percebam amados ir.’., ao meu
modesto modo de ver, cada uma das informaçães até aqui levantadas, é coberta do
mais profundo valor, pois à sua maneira, a que não me enriquece filosoficamente
, o faz culturalmente e vice-versa.
Contudo,
ainda entendendo que cada conhecimento aqui adquirido é valoroso, faltaria com
a verdade, caso não admitisse minha predileção por este tópico, pois nele
trabalharei todos os tópicos acima, porém o farei sob a perspectiva da sublime
ordem.
Quando
fui comunicado de que meu nome havia sido apreciado pelos irmãos e, que estes
haviam me congratulado com seu deferimento ao ingresso na maçonaria, fui ao
mesmo tempo informado sobre algumas regras que deveriam ser atendidas até o
momento magno da iniciação, uma dessas regras versava sobre meu vestuário, eu
deveria providenciar terno, gravata, meias e sapatos pretos e uma camisa
branca. Naquele momento pensei – profanamente-, “é este o traje maçônico”!
Eis
que me são regaladas as luzes e vejo todos os presentes, munidos de acessórios,
cada um de acordo com seu merecimento, mais todos apresentam um acessório em
comum, o avental.
Passados
os momentos de pesquisa, surpreendo-me com a informação de que, não é a tão
vistosa roupa preta o traje maçônico, mas sim o dito acessório, ou seja, o avental.
Esta
afirmação é corroborada pela simples observações dos irmãos em loja, percebam
que nem todos vestem o famoso terno preto, há aqueles que o substituem pelo
balandrau, outros podem optar pelo terno azul marinho, porém, nenhum dos irmãos
em loja, podem nela permanecer sem seu respectivo avental, pois é ele, a rigor,
o insubstituível traje maçônico.
Nos
primórdios da sublime ordem, por serem os maçons verdadeiros pedreiros na
maçonaria operativa, o avental era usado com os mesmos fins que se usa no mundo
profano, ou seja, proteger aquele que o usa, da sujeira ou dos pedaços da pedra
bruta enquanto desbastada. Tratava-se então, de um pedaço retangular de couro,
cuja simbologia ficava ofuscada por sua simplicidade. Com o passar do tempo, os
adornos foram surgindo na indumentária, com a simbologia respectiva a cada
grau. Em tempos de maçonaria especulativa, se destingue os graus simbólicos e
os filosóficos do obreiro, pelo simples observação de seu traje maçônico.
A
forma do avental maçônico, a priori, foi padroniza pela Grande Loja da
Inglaterra no século XVIII, com diferença entre si apenas nas cores e adornos
referente a cada grau simbólico ou filosófico. Os aventais tem o mesmo tamanho,
35 cm de altura, 45 cm de largura e uma abeta de 15cm, preso ao corpo por um
cordão ou fita preta.
4-
O avental de aprendiz
Chego
ao tópico final de minha primeira peça, trato aqui da simplicidade do avental
no grau de aprendiz. Traje que aqueles que abrilhantam a coluna do norte, devem
usar pelo período mínimo de um ano, enquanto desbastando a pedra bruta que há
em si, preparam-se e aspiram à honra de sentarem-se junto à Coluna do Sul.
O
tema desta peça, me foi sugerido, quando percebendo minha curiosidade por
diversos temas relacionados á maçonaria, meu ir.’. segundo vvig.’. me indagou
em tom desafiador e, ao mesmo tempo motivador “você sabe por que sua abeta está
levantada?” Passados alguns instantes, ele me dirigiu um pedaço de papel com a
solicitação do trabalho que ora apresento.
Até
aquele instante, obviamente, já havia percebido que o avental do aprendiz maçom
se diferenciava dos demais, contudo nada me foi explicado sobre isso. Curioso,
busquei na fonte de pesquisa mais próxima, o ritual de aprendiz maçom no rito
moderno, que havia acabado de receber, nele pude ler algumas poucas
informações, mas estas estavam, astutamente, relatadas de forma muito genérica.
Avançando
em minhas pesquisas, busquei fontes diversas e, em cada uma delas pude extrair
alguma informação, compilei-as e lhes apresento agora.
Tendo
recebido a luz, o agora neófito, recebe a sua primeira insígnia, o traje que o
vestirá maçonicamente de ora em diante, o avental.
Com
as mesmas dimensões dos demais aventais, o avental do aprendiz se difere por
ser todo branco e sem nenhum adorno, além de ostentar a abeta levantada.
Mas
qual o significado da cor, forma e abeta levantada? Respondo. A cor branca
representa a pureza, a inocência presente no aprendiz, que por ainda não ter
trabalhado o suficiente na oficina, não conseguiu créditos suficientes para
ostentar insígnias que denunciam seu crescimento, por isso usa o aprendiz, o
avental na cor branca e sem adornos.
Quanto
à sua forma, percebemos duas formas geométricas, o triângulo e o retângulo,
estando o triângulo sobre o retângulo. Significaria, misticamente, a alma sobre
o corpo, pois só após elevado espiritualmente e filosoficamente, atingindo o
grau de companheiro, teria a alma dentro do corpo.
A
abeta levantada, também remonta a maçonaria operativa, em que pese a pouca
habilidade do obreiro aprendiz, este deveria manter a abeta levantada para
resguarda uma área maior de seu corpo. Simbolicamente, temos duas
explicações para este símbolo, na primeira, reza que acreditavam os místicos,
que a chamada boca do estômago era a área responsável pelas emoções, o que
explicaria o frio na barriga quando surpreendidos com o inesperado. Assim,
mantendo a abeta levantada, o aprendiz estaria protegido de emoções que o
impediriam de se aprimorar.
A
segunda relata que estando a beta levantada, ela protege o aprendiz de
influências relacionadas às emoções provenientes do sexo, visto que cobre os
chamados, xacras, responsáveis por estas emoções.
Percebe-se
que as teses se complementam e pouco se distanciam em suas explicações, prova
de que a maçonaria é universal, no que pese ser centenária e praticamente
apócrifa, mantém certa unidade.
Eis que chegamos a fase final
da peça, certamente o faço bem mais enriquecido culturalmente do que quando
comecei, aprendi através desses estudos, que o avental do maçom não é somente
um acessório do vestuário, alías como tudo na maçonaria, o avental é revestido
de simbologia e fins filosóficos.
Este simbolismo maçônico, é um
canal de comunicação com os ir.’., porém essa função específíca do ato de
comunicar, só sera de fato realizada se o interlocutor tiver galgado os degraus
de evolução nos graus simbólicos e filosóficos respectivos, ou seja, os
símbolos maçônicos, neste caso o avental, efetuara a comunicação com aquele de
grau correspondente ou inferior.
Tive o cuidado de não buscar
dados específicos sobre aventais de graus superiores ao de aprendiz, pois
acredito que caso o tivesse feito, perderia o encanto da descoberta nos
momentos apropriados, ou seja, procurarei ismiussar os detalhes sobre os
simbols de companheiro e mestre, quando obter a honra de abrilhantar a Coluna
do Sul, Câmara do Meio e o Oriente. Até lá, acredito que estejam de bom
tamanho, os segredos que me foram revelados e me contento com a pureza da cor
branca de meu avental.
Fico feliz em saber, que as
áreas emocionalmente influenciáveis de meu corpo, estão protegidas pela abeta
que ostento levantada e, quando baixá-la, significa que aprendi a me defender
das más influências.
Isto exposto, amados irmãos,
espero ter, humildemente, enriquecido de alguma forma nossos trabalhos no dia
de hoje, é a peça.
Irmão
Claudio Lopes
Negreiros
Porto Velho – RO – Brasil
05-06-2013
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