domingo, 25 de agosto de 2013

Analfabeto Midiático

 
Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo.

 Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas.

 Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos. Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis.

 Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no País.

 Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do País calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ, denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

 O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos.

 Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “Então diga isto com uma imagem”).

 Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”.

 Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

 O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista.

 O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos.

 Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.

 O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos. E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público.

 Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres. Em resumo: destroem a democracia.

 Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer: Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singela. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

 

Sérgio .·.

Fonte: Enviado por um Irmão para uma rede de emails de maçons

Agosto de 2013

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sois o Garçom?


Um rapaz simpático, educado, de bons hábitos e bem-sucedido na vida exercendo a profissão de caixeiro viajante, resolveu comemorar o seu noivado num restaurante discreto e aconchegante em uma cidade com as mesmas qualidades. Como já havia viajado muito não foi difícil encontrar a cidade ideal.
O rapaz partiu com sua noiva e a sua mãe, em direção à cidade escolhida. Após algumas horas de viagem, chegaram à cidade Pedra Bruta.
Hospedaram-se e em seguida o rapaz saiu à procura do restaurante ideal. Era cedo, a manhã estava bonita e calma, andou pelas ruas pacatas e encontrou um restaurante à beira de um Riacho: Restaurante 3 Irmãos.
O nome do estabelecimento lhe agradou. Deu, na porta desse restaurante, certas pancadas. Em seguida, uma voz respondeu-lhe às batidas:
.. Quem vem lá?
.. Sou um cliente que deseja tratar de um jantar comemorativo.
– respondeu o rapaz.
Pois, então, entre.
O viajante entrou e um homem simpático e educado o esperava no salão.
- Bom dia ! – cumprimentou o recém-chegado e perguntou:
– Sois garçom?
– Meus clientes me reconhecem como tal.
– De onde viestes?
– De uma cidade chamada São João.
– O que fazes na vida?
– Sou caixeiro viajante. Viajo a negócios e visito Lojas.
– Vens muito por aqui?
– Não muito, esta é a minha 3ª  viagem..
– O que quereis?
– Um jantar para três pessoas em lugar reservado…
– Que tal entre aquelas colunas? É um lugar bem privativo.
– Parece-me bom… Ficaremos entre elas.
– O que beberão na ocasião?
– Para minha mãe e noiva uma taça de bebida doce. Eu prefiro algo amargo como aperitivo.
– Pode ser whisky?
– Nacional?
– Não, escocês!
– Bem se for antigo eu aceito, mas gostaria que as mesas fossem bem ornamentadas.
– Podemos ornamentá-las com romãs, ficam bonitas e exóticas.
– E quanto às flores? Fique tranquilo, fazemos arranjos com rosas e espigas de trigo.
– Pois então faça, não poupe nada, quero fartura em abundância.
Você estará aqui?
– Sim, trabalho do meio-dia à meia-noite.
– Bem, pela conversa o atendimento é bom. E o preço?
– O preço é justo e o atendimento é perfeito, mas qual é o seu nome?
– Salomão e o seu?
– Hiram, sou conhecido como ‘Hiram dos bifes’, sou bom em corte de bifes. Meus irmãos também atendem… Um chama-se Emmanuel e o outro José, mas é conhecido por ‘Zé’.
– Você é desta cidade ?
– Não, também fui caixeiro viajante. Gostei tanto desta cidade que na minha 5ª viagem resolvi ficar por aqui. E já faz cinco anos, que acabei comprando este restaurante.
Olhe, meu Irmão, no começo foi difícil. Este estabelecimento era mau visto, pois pertencia a três trapalhões chamados 3J. Fizeram tantas trapalhadas que acabaram assassinados.
– Olhe Hiram, coloque a mesa de minha mãe separada, para haver mais privacidade.
– E o seu pai não vem?
– Não minha mãe é viúva.
– Que coincidência! Eu também sou filho de uma viúva.
– Eu há muito percebi.
– Como se chama sua mãe? Temos cortesia para ela.
- Minha mãe chama-se Acácia.
– Esse nome me é conhecido, tivemos uma ótima cozinheira com este nome.
– Bem, eu já vou indo. Logo mais retornarei com elas. Ah! Já ia me esquecendo. Qual é a especialidade da casa?
– Churrasco.
– Ótimo! É macio?
– Sim, tão macio que a carne se desprende dos ossos.
– Senhor meu Deus! Que maravilha, não posso perder!
O lugar é seguro? Sim, temos dois rapazes espertos que cuidam disso. E no salão temos dois vigilantes.
– Parabéns, o seu restaurante está coberto de qualidades, salve o adorável mestre. Até logo

Agosto de 2013

*Desconhecemos a autoria