sábado, 11 de maio de 2013

MINHA HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES



(DO PÚLPITO DA VIRTUDE DA GLUSA)

Hoje é dia 11 de maio de 2013, não é o dia das mães. Amanhã será dia 12 de maio de 2013, aí sim, é o dia das mães. Das datas comemorativas da humanidade, penso que esta, em homenagem às mães é a mais justa e perfeita que existe.

Tão justa e tão perfeita que até a maçonaria homenageia as mães nessa data com uma sessão magna publica, onde oralmente se realça o significado maçônico de mãe. Para começar, a instituição dos homens livres e de bons costumes hermeticamente fechada nas suas práticas consistentes em desvendar os mistérios que ela mesma elabora, por inspiração do Grande Arquiteto do Universo – GADU.

Para acessar o silêncio desses estudos faz-se necessário uma filiação através da iniciação. O próprio ato de filiação, que é adotar filhos ou filhos que se tornam adotados pela instituição, já significa que a maçonaria é mãe, o que lhe autoriza, não só a falar sobre ser mãe, como também permitir que os seus filhos, os maçons, homenageiem as mães.

Mais ainda tem a maçonaria a qualidade e possibilidade de homenagear as mães, porque a maçonaria é fenomenal nesse prisma: é mãe e é viúva. Assim todos os seus filhos, os maçons, são filhos da viúva.

Não posso adentrar mais nesse particular, porque aí já estaria adentrando à parte secreta da maçonaria e isso me tornaria perjuro, o que não sou, nem quero ser. Todavia, se não posso falar do que contém a maçonaria, que para mim não tem mais nenhum segredo, tendo em vista que atingi o seu último degrau, melhor dizendo o seu último grau, o 33 e tudo o que lá contém me foi revelado e tenho o dever de manter o segredo, posso falar do que me resultou, do que me foi acrescentado por ser maçom e estudado maçonaria, notadamente, nesta oportunidade, sobre o que significa mãe, para a maçonaria.

É necessário que eu me reporte ao fato de que a maçonaria não é uma religião e nem segue qualquer doutrina religiosa, sendo uma instituição totalmente independente ideologicamente. Assim, dito isto, sustento que a palavra mãe é estudada pela maçonaria porque não é uma palavra vulgar, embora seja comum.

É cheia de mistério e mistério é o “prato do dia” da maçonaria. Não há no mundo nenhuma instituição que se dedique tanto a desvendar mistérios quanto a maçonaria e vem daí que a palavra mãe, já carrega no fato de ser mãe a própria palavra e o seu significado se expande daí, do fenômeno, ou seja, a partir do parto, já surge a palavra mãe.

Mas o significado de mão se expande daí, porque ser mãe não se limita ao ato de parir. Ser mãe é muito além. Poder-se-ia dizer “muito mais”, mas não é. Na verdade é “mais além,” mesmo, porque significado é expansão e não quantidade.

Desta forma podemos ver porque a maçonaria considera ser mãe como uma sintonia, ou seja, um Ser que é a parturiente e outro Ser, que é o nascituro. Ao nascer, surge o filho, ao mesmo tempo a mãe. E é assim que a maçonaria vê a mãe como a sintonia com o nascer, que é a filiação.

E faz do ato verdadeiro comparação com o ato simbólico, quando o neófito ouve que “É transitória a glória do mundo” – “Sic transit gloria mundi”, e percebe o desvendar do primeiro grande mistério da maçonaria, onde Deus, que é impessoal, deixa de ser uma simples divindade dos profanos para ser o Grande Arquiteto do Universo e, então, a compreensão que antes era bem pequena e colocava a mãe na simples figura da mulher que amamenta o filho com o seu leite, para a figura da mãe que foge da Galiléia para o Egito, para salvar, não só o filho, mas aquele a quem chamavam e chamam “O salvador” e passa a ser, de uma simples mulher, uma santa, no misterioso parto de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, esse mesmo Jesus que um dia lhe proferiu palavras misteriosas que lhe pareciam questionar a maternidade: “ Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? - “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

É assim que a maçonaria examina a palavra mãe. Procurando entender todo o seu mistério, todo o seu significado, toda a sua beleza. Creio mesmo que extensão desse nome, dessa palavra mãe, só não pegou de surpresa a Jesus que também foi filiado, misteriosamente filiado de si mesmo, pois, sendo Deus, passou a ser filho de Deus, ao mesmo tempo que filho do Espírito Santo, para os que aceitam a doutrina da Santíssima Trindade.

Nesse exame que isento de qualquer influência religiosa, a maçonaria vê além da letra, além da crença e, em silêncio, ouve ecoar através dos séculos as palavras que vieram da mesma boca: "Mulher, eis aí o teu filho Filho, eis aí tua mãe!"

Ditas estas palavras, já não fica tão difícil entender que há mistério na maternidade, como há mistério na filiação.

Estas palavras são minha homenagem a todas as mães, indistintamente, seja lá quem forem.
Particularmente ofereço este trabalho à maçonaria que devia ter sido pronunciado no púlpito da GLUSA, na Sessão Magna Pública em Homenagem ao Dia das Mães, no dia 10.5.2013, mas não o foi, por motivos de força maior, ficando aqui, no desfilar das mensagens do FACEBOOK, a minha humilde, mas sincera, homenagem ao dia das mães e à maçonaria expressada na potência GLUSA – GRANDE LOJA UNIDA SUL AMERICANA, a maçonaria também é mãe, a quem sou filiado.


                                           Nabor Pereira.
                                              
                                              11.5.2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ser Mestre Maçom é ...



... mais do que uma chegada, uma nova partida, não um objetivo atingido mas um projeto sempre em execução. A Exaltação à Mestria possibilita que o Obreiro atento o entenda desde logo.

Simplesmente, enquanto até aí o maçom teve guias e apontadores de caminhos, quando a Loja concede a um maçom a sua “carta” de Mestre, este sente-se um pouco como aquele que, após as suas lições e o seu exame de condutor, recebe a sua carta de condução: está habilitado a conduzir (a conduzir-se...) mas... inevitavelmente que sente alguma ansiedade por estar por sua conta e risco, sem rede que ampare suas quedas em possíveis erros.

Assim, apesar de serem as mais visíveis manifestações da mudança de estado conferida pela Exaltação à Mestria, não são o seu direito à palavra e o seu direito ao voto que são importantes. Importante é a sua total capacidade de exercer o seu verdadeiro e pleno direito ao seu caminho. O direito a trilhar o seu caminho por si, só, se assim escolher ou assim tiver que ser, ou acompanhado por quem quiser que o acompanhe e que o queira acompanhar, se assim for de vontade dos interessados, pelo tempo que quiser, por onde quiser, como quiser, para o que quiser.

O direito ao seu caminho enquanto cidadão já o tinha desde que atingiu a idade adulta e como adulto foi pela lei do Estado considerado. O direito ao seu caminho enquanto maçom, ou seja, o caminho do aperfeiçoamento, da busca da excelência, da proximidade tão próxima quanto humanamente possível for, da Perfeição, a ser trilhado por si só, como quiser, quando quiser, pela forma que quiser, adquire-o o Maçom com a sua Exaltação à Mestria, após o tempo de preparação que necessário foi para que não seja em vão que esse direito lhe seja conferido, para que efetivamente o exerça. Porque é um direito que o Mestre Maçom deve exercer como um dever, com a diligência do cumprimento de uma obrigação.

Ser Mestre Maçom é, assim, essencialmente cumprir o dever de exercer o seu direito de escolher e percorrer o seu caminho para a excelência.

Para quem andou longo tempo a ser guiado, não é fácil ver-se, de um momento para o outro, responsável pelo seu caminho, sem ajuda, sem orientação, sem rede. Responsável, porque livre, porque pronto, porque assim é o destino do homem que busca o brilho da Luz, da sua Luz. Mas, após uma pausa para ganhar orientação e pesar as suas escolhas, todos os Mestres Maçons seguem o seu caminho – porque para isso foram preparados, por isso são Maçons, com isso são verdadeiramente Mestres.

O caminho que cada Mestre Maçom decide escolher tem em conta a primacial pergunta que faz a si mesmo: Que fazer, como fazer, para ser melhor? A essa pergunta cada Mestre Maçom vai obtendo a sua resposta, pessoal, íntima, tão diferente das respostas de outros quanto diferente dos demais ele é. E é na execução da resposta que vai obtendo, no traçar do trabalho que essa resposta propõe, que o Mestre Maçom constrói, porque construtor é, o seu percurso. E a cada estação conquistada, novamente a mesma pergunta de sempre se lhe coloca: que fazer, como fazer agora para ser de novo melhor? E nova resposta e novo percurso e nova paragem, com nova e sempre a mesma pergunta, com outra resposta e outro percurso, incessantemente se apresentam.

Mas o Mestre Maçom não sabe apenas buscar a resposta à sua pergunta. Sabe também que, embora cada um trilhe o seu solitário caminho, os caminhos dos maçons têm muito de comum e sobretudo são postos por eles muito em comum.

O Mestre Maçom sabe assim que o que adquire, o que ganha, o que aprende, o que consegue, não é para ser avaramente fruído apenas por si, antes é para ser posto em comum com a Loja, pois também é do comum da Loja que recolhe contributos, ajudas, meios, ferramentas, para melhor e mais frutuosamente obter respostas às suas perguntas.

Ser Mestre Maçom é, assim, sempre, dar o seu contributo à Loja, seja no que a Loja lhe pede e ele está em condições de dar, seja no que ele próprio considera poder tomar a iniciativa de proporcionar à Loja. Porque ser Mestre Maçom é também saber que, quanto mais der, mais receberá, que a sua parte contribui para o todo mas também aumenta em função do aumento desse todo e que, afinal, não é vão o dito de que “dar é receber”.

Ser Mestre Maçom é portanto saber que o seu percurso pessoal será mais bem e mais facilmente percorrido se o for com a Loja, pela Loja, a bem da Loja. Porque o bem da Loja se traduz em acrescido ganho para o maçom, que assim consegue realizar o paradoxo de ser um individualista gregário, porque integra e contribui para um grupo que é gregário porque preza e impulsiona a individualidade dos que o compõem.

Ser Mestre Maçom é descobrir que a melhor forma de aprender é ensinar e assim escrupulosamente executar o egoísmo de ensinar os mais novos, os que ainda estão a trilhar caminhos que já trilhou, dando-lhes o valor das suas lições e assim ganhando o valor acrescido do que aprende ensinando – e sempre o homem atento aprende mais um pouco de cada vez que ensina.

Ser Mestre Maçom é comparecer e trabalhar na Loja, mas sobretudo trabalhar muito mais fora da Loja. Porque o que se faz em Loja não passa de “serviços mínimos” que apenas permitem a sobrevivência da Loja e o nível mínimo de subsistência do maçom. O trabalho em Loja é apenas um princípio, uma partícula, uma gota, uma pequena parte do trabalho que o Mestre Maçom deve executar em cada um dos momentos da sua existência.

Ser Mestre Maçom é portanto mais do que aguardar que algo lhe seja pedido, antes tomar a iniciativa de fazer algo – não para ser reconhecido pela Loja, mas essencialmente por si, que é o que verdadeiramente interessa.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente fazer grandes coisas, excelsos trabalhos, admiráveis construções. Mais válido e produtivo é o Mestre Maçom que dedica apenas cinco minutos do seu dia a fazer algo muito simples em prol da sua Loja, da Maçonaria, afinal de si próprio, desde que o faça efetivamente todos os dias, do que aqueloutro que uma vez na vida faz algo estentório, notado, em grande estilo, mas sem continuidade. Porque a vida não se esgota num momento, nem numa hora, nem num dia. A vida dura toda a vida e é para ser vivida todos os dias de toda a vida.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente ser brilhante, mas é imprescindivelmente ser persistente E o Mestre Maçom que persistentemente realize dia a dia, pouco a pouco, o seu trabalho, pode porventura passar despercebido, não receber méritos nem medalhas nem honrarias, mas tem seguramente o maior mérito, a maior honra, a melhor medalha, o maior reconhecimento a que deve aspirar: o de ele próprio reconhecer que fez sempre o seu trabalho, deu o seu melhor, persistiu na sua tarefa e, de cada vez que olhou para si próprio, viu-se um pouco, um poucochinho que seja, melhor do que se vira da vez anterior. E assim sabe que, pouco a pouco, no íntimo do seu íntimo, sem necessidade que outros o honrem por tal, ganhou um pouco mais de brilho, está um passo mais próximo do seu objetivo, continua frutuosamente percorrendo o seu caminho para o que sabe ser inatingível e, no entanto, persiste em procurar estar tão próximo de atingir quanto possível: a Perfeição!

Em suma, ser Mestre Maçom define-se com o auxílio de uma frase que li há algum tempo e que foi dita por alguém que creio até que nem sequer foi maçom, Manuel António Pina, jornalista, escritor, poeta, laureado com o Premio Camões em 2011, falecido em 19 de outubro de 2012: o Mestre Maçom é aquele que aprendeu e que pratica que o mínimo que nos é exigível é o máximo que podemos fazer.



Irm. Rui Bandeira
05-08-2013